Os tripulantes de cabine da Azores Airlines anunciaram uma greve entre os dias 27 e 31 deste mês.
Ainda não se conhecem os serviços mínimos.
Recorde-se que também os técnicos de manutenção de aeronaves da SATA Air Açores estão em greve até 30 de Setembro, entre as 00:00 e as 08:00, o que tem provocado vários cancelamento de voos em várias ilhas, sobretudo os da manhã.
O Grupo SATA diz que estão a ser “desenvolvidos todos os esforços para minimizar os transtornos decorrentes desta situação”.
Já em Abril os técnicos de manutenção de aeronaves cumpriram uma greve entre as 05:30 e 08:30, pelo período de três meses, tendo na origem da paralisação estado a luta pelo descongelamento das carreiras suspensas há oito anos.
Ryanair impede tripulante de P. Delgada de gozar folga parental
O clima de tensão entre a Ryanair e os tripulantes de cabine está a aumentar e nem a greve convocada para os próximos dias 25 e 26 de Julho parece demover a low-cost.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) denunciou ao jornal Dinheiro Vivo que a companhia irlandesa impediu um tripulante, com base em Ponta Delgada, e que foi pai no dia 29 de Junho, de usufruir da licença parental de acordo com a lei portuguesa.
Segundo Bruno Fialho, representante da estrutura sindical, a Ryanair alegou que deveriam ser aplicadas as leis da Irlanda, país onde está sediada a transportadora aérea, e que estipulam um período de 15 dias de licença, em detrimento da lei portuguesa, que prevê 25 dias úteis.
“Depois de o sindicato intervir, a Ryanair cedeu e decidiu facultar mais alguns dias de licença para além dos 15 dias. Mas esta manhã ligaram e voltaram com a palavra atrás”, lamenta Bruno Fialho.
Caso vai avançar para tribunal
O caso vai avançar para tribunal, embora o representante não vislumbre uma solução firme nesta instância.
“O efeito prático é quase nulo, ele (o trabalhador) quer ver o filho que nasceu agora e estar com ele neste momento”, diz.
“Este é o clima que se vive nesta empresa, é indescritível, e só é similar ao da SATA Internacional, que está a desrespeitar várias leis internacionais, com a conivência do governo regional e nacional”, acusa o responsável do SNPVAC.
Na semana passada as estruturas sindicais estiveram reunidas com a SATA, num encontro, obrigatório por lei, de mediação de conflitos, a propósito da greve dos técnicos de manutenção agendada para Setembro.
“O sindicato tentou abordar os temas e os representantes da empresa disseram que não estavam interessados em falar”, acusa.
Nova reunião com administração da Ryanair
Durante a próxima semana igual procedimento juntará o SNPVAC com os responsáveis da Ryanair.
“É uma questão meramente burocrática e legal, não tem a ver com uma atitude diferente da Ryanair perante os sindicatos. Não houve qualquer resposta nem manifestação nem antes nem após o anúncio da greve. Isto é uma questão obrigatória. As pessoas são obrigadas a sentar-se à mesa e da parte do sindicato tentamos sempre chegar a uma solução”, explica o sindicalista.
Nos próximos dias 25 e 26 de Julho, os tripulantes de cabine da Bélgica, Espanha, Itália e Portugal avançam com uma paralisação de 48 horas, à excepção dos trabalhadores com base na Itália que apenas param no primeiro dia.
Os motivos da greve
As condições salariais, o direito de usufruto de licenças de parentalidade, o fim dos processos disciplinares com base nas baixas médicas ou nos objectivos inerentes às vendas de bordo, são alguns dos motivos que estão na base das reivindicações sindicais que despoletaram a greve agora anunciada.
“Iremos fazer as lutas que forem necessárias durante o tempo que for necessário até que o governo português intervenha e proteja os seus cidadãos. Congratulamo-nos por termos na ONU um cidadão português, sempre na luta por outros cidadãos de outros países e, no nosso próprio país, descuramos totalmente a proteção ao nossos”, conclui Bruno Fialho.